A PHDA e a escola
1. Introdução
A decisão de intervenção ou não na PHDA (como em outras problemáticas) não deve ter como critério único os resultados académicos dos alunos. Clarificando: o facto de um aluno com PHDA estar a conseguir atingir, medianamente, os objetivos estipulados para as diversas disciplinas (obtendo níveis satisfatórios) poderá não significar que esse aluno não necessita de uma intervenção - que lhe permitirá atingir outros patamares.
Para além de uma intervenção farmacológica, de responsabilidade médica, estes alunos necessitam de um conjunto de estratégias previstas em medidas educativas do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro.
2. Medidas educativas
Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro
APOIO PEDAGÓGICO PERSONALIZADO
a) O reforço das estratégias utilizadas no grupo ou turma aos níveis da organização, do espaço e das atividades (alínea a) - art.º 17.º)
AO NÍVEL DA ORGANIZAÇÃO
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Turma reduzida (Ponto 5.4 do Despacho n.º 13170/2009)
AO NÍVEL DO ESPAÇO
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Sentar o aluno à frente;
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Sentar o aluno longe de potenciais fontes de distração (janelas, por exemplo)
AO NÍVEL DAS ATIVIDADES
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Estabelecer rotinas para assegurar a compreensão do aluno, face a explicações e instruções;
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Pedir ao aluno, frequentemente, que repita as instruções dadas;
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Deixar o aluno mexer em objetos – mesmo que seja de forma repetitiva (borracha; lápis,...);
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Diminuir o número de tarefas a realizar ou dar mais tempo para a realização das mesmas;
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Promover o trabalho cooperativo (trabalho de pares, por exemplo);
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Adaptar os critérios de qualidade da execução das tarefas;
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Fornecer ajudas visuais ou verbais na realização de tarefas;
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Definir, conjuntamente com o aluno, as regras a cumprir e discuti-las fornecendo exemplos de situações em que as regras são cumpridas e outras em que existe quebra das mesmas;
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Estabelecer contacto visual com o aluno, não só como forma de controlo dos comportamentos, mas principalmente como forma de manter o seu ritmo de trabalho e forneceram sinais para as transições ou para solicitar comportamentos específicos;
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Informar, previamente, o aluno sobre quais os comportamentos fundamentais a ter para a realização das atividades;
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Circular entre as carteiras, procurando dar feedback adequado ao aluno;
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Assegurar um ritmo de trabalho suave para que as atividades desenvolvidas e as rotinas sejam compreendidas pelo aluno;
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Comunicar frequentemente e de forma clara as suas expetativas sobre a utilização do tempo disponível para a sala de aula.
b) O estímulo e reforço das competências e aptidões envolvidas na aprendizagem; (alínea b) - art.º 17.º)
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Exercícios de concentração/atenção;
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Controlo e organização do caderno diário;
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Outras que estejam comprometidas (uma vez que cerca de 60% destes alunos são descritos como difíceis de controlar, voluntariosos, teimosas e desafiantes e cerca de 25% demonstram dificuldades de aprendizagem):
Intervenção comportamental (por Psicólogo);
Atividades extra de leitura e escrita;
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(cf. O reforço e desenvolvimento de competências específicas)
c) A antecipação e reforço da aprendizagem de conteúdos leccionados no seio do grupo ou da turma; (alínea c) - art.º 17.º)
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Antecipação e reforço da aprendizagem de conteúdos lecionados no seio do grupo ou da turma (aulas de recuperação).
d) O reforço e desenvolvimento de competências específicas; (alínea d) - art.º 17.º)
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A APCH estabelece como áreas de intervenção especializada as seguintes (as competências deverão ser definidas de acordo com cada caso em concreto, após avaliação diagnóstica):
Apoio psicológico
aos alunos e, se necessário, aos pais
Reeducação e terapia psicomotora
reeducação nos domínios comportamental, emocional e cognitivo, procurando reduzir a
frequência dos comportamentos inadequados que estas crianças exibem e aumentar a frequência de comportamentos desejados);
Apoio psicopedagógico
competências escolares (intervenção ao nível dos conhecimentos esperados para o nível de ensino em que a criança se encontra,
capacidade de organização e concentração nas actividades, entre outros, de modo a que a criança obtenha resultados escolares
mais satisfatórios e um melhor relacionamento com o meio escolar).
competências pessoais e sociais (gestão das emoções, resistência à frustração, e gestão de conflitos, com o objectivo de que
estas crianças experimentem relações sociais mais satisfatórias e consequentemente, aumento de autoestima, entre outros).
ADEQUAÇÕES NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO
(As estratégias a seguir propostas não contemplam a (forte) possibilidade de haver problemáticas associadas, caso em que outras estratégias terão de ser adicionadas)
Alteração dos instrumentos de certificação e avaliação
Não valorização dos traçados grafomotores (desrespeito de margens, linhas e espaços)
Alteração à periodicidade, duração e local das provas
Conceder mais momentos avaliativos (subdividir os testes em unidades menores, concedendo o mesmo tempo que seria dado
para a realização da totalidade dos testes)
Tolerância suplementar ao tempo de prova/teste e outras tarefas
As restantes partes dos testes poderão ser realizadas em outros locais, como Biblioteca ou sala de apoio.
TECNOLOGIAS DE APOIO
Implementação de programas para, e a título de exemplo, desenvolver a atenção/concentração.
3. Outras medidas
A APCH fala ainda no seguinte:
REUNIÕES DE PAIS
Uma vez que os pais destas crianças se sentem muitas vezes exaustos e desamparados, a APDCH organiza periodicamente grupos de discussão onde, em conjunto, se procura debater e partilhar experiências.
A escola poderá organizar estes espaços de debate.
ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO A PROFESSORES
A escola deverá organizar formações, formais (ações de formação) e informais (reuniões entre técnicos especilizados e professores), com vista a garantir que existe informaçãoque permita uma efetiva inclusão dos alunos com PHDA.