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A Dislexia enquanto DEA 

Tão devastadora como qualquer vírus que afecta tecidos e órgãos, a dislexia consegue infiltrar-se em cada um dos aspectos da vida do indivíduo. 

 

(Shaywitz, 2008)

 

            A Associação Internacional da Dislexia refere que a Dislexia é uma dificuldade específica da aprendizagem (DEA), com origem neurológica, caracterizada “por dificuldades no reconhecimento adequado das palavras, por um discurso pobre e dificuldades de descodificação”, resultantes “de um défice na componente fonológica da linguagem, muitas vezes surpreendente, quando (…) [comparado] com as capacidades cognitivas e com as aprendizagens em outras áreas” (Rocha, 2008, pp. 41-42). É, portanto – diremos nós - um pouco mais do que uma “dificuldade em ler” (Hennigh, 2003, p. 13).

Para Fonseca (2008), as DEA incluir-se-ão num conceito mais alargado, o de Dificuldades de Aprendizagem (DA), onde também se situa, por exemplo, a Hiperactividade. Fonseca (2008) reproduz da seguinte forma a definição que o National Joint Committee of Learning Disabilities adoptou do termo DA:

            Dificuldades de Aprendizagem (DA) é uma designação geral que se refere a um grupo heterogéneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e na utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita, e do raciocínio matemático. Tais desordens, consideradas intrínsecas ao indivíduo e presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida. Problemas na auto-regulação do comportamento, na percepção social e na interacção social podem coexistir com as DA. Apesar de as DA ocorrerem com outras deficiências (ex.: deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbios socioemocionais) ou com influências extrínsecas (ex.: diferenças culturais, insuficiente ou inapropriada instrução, etc.), elas não são o resultado dessas condições” (p. 95).


 

Teorias explicativas  Saiba mais

O Défice Fonológico
 

A teoria que reúne hoje maior consenso é a teoria do défice fonológico. A consciência fonológica requer um conhecimento explícito da estrutura fonológica da linguagem, um conhecimento de que a fala é produzida por sons e de que esses sons podem ser representados através do encadeamento de unidades particulares, os morfemas, as sílabas e os segmentos, todos eles representando diferentes níveis. A noção de consciência fonológica remonta à década de 70 (Liberman, 1971; Liberman et al., 1977; Rozin, 1978 – citados por Galaburda, 1989) e encontra as suas raízes na conceção Chomskiana da aquisição da linguagem. 

O modelo fonológico fornece, então, “uma explicação convincente para a razão pela qual algumas pessoas muito inteligentes têm problemas na aprendizagem da leitura” (Shaywitz, 2008, p. 51), porque permite-nos compreender de que forma a criança consegue

 

passar da desorientação de ver as letras como formas abstractas e como garatujas para a satisfação de reconhecer e de identificar os grupos de letras como palavras. No geral, a criança tem de compreender que as letras que vê na página representam ou estão associadas aos sons que ouve, quando a mesma palavra é usada na comunicação oral (p. 55).

 

Permanecem, contudo, dúvidas também quanto à origem precisa deste défice fonológico (Tallal, 2006). 

 

 

 


 

 

O processamento sensoriomotor
 

Ramus (n.d.b) refere existirem três grandes grupos de teorias concorrentes ao modelo predominante (ao do défice fonológico):

 

  • Teorias visuais/disfunção magnocelular; 

  • Teorias que pressupõem défices no processamento auditivo/temporal;

  • Teorias que assentam em disfunções motoras/cerebelares.

 

​Os estudos sobre estas teorias sensoriomotoras surgem porque, como escrevem diversos autores, “visual and/or motor dysfunction may not cause developmental dyslexia, but are often associated with it” (Ramus, n.d.b, p. 1). 

White et al. (2006) referem que uma interpretação consistente com a teoria sensoriomotora da dislexia terá de assumir que, à nascença, todos os disléxicos terão dificuldades sensoriomotoras, mas a maior parte deles recupera antes de qualquer avaliação. Não existe, contudo, como esclarecem os investigadores, estudos que suportem esta interpretação.
 



 

 

 


 

 

 

Como intervir?

 

Bibliografia

 



 

 

 


 

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