Sobre o conceito de eficácia
Fátima Almeida*2013
Falar de eficácia é referirmo-nos ao “valor acrescentado” (Lima, 2008, p. 33), algo que será o para além dos valores esperados, feitas as previsões estatísticas sobre os níveis de sucesso. Este esperado é entendido como sendo o que, à partida, e tendo em conta o “background social ou cultural” (Macbeath et al., 2005, p. 128) de cada aluno, será expectável. A escola eficaz será aquela que supera essas expectativas.
Responsabilização
A aprendizagem dos alunos “depende principalmente daquilo que os professores sabem e do que podem fazer”
(Darling‑Hammond, 2000, citada por Marcelo, 2009)
Valor acrescentado
Se, por um lado, os estudos nos dizem que não existe uma “receita para a criação de escolas mais eficazes” (Sammons, Hillman & Mortimore, citados por Lima, 2008, 191), também afirmam que podemos fazer uma escola melhor, desde que cada peça do puzzle que é a escola queira (MacBeath et al., 2005).
Na construção desta escola eficaz, há decisões que têm de ser tomadas e que condicionam os caminhos – e os resultados. Uma delas tem a ver com a forma como se pensa a educação, e esta não é uma decisão de cada escola, visto haver diretrizes mais globais. Rodrigues (2008) fala no modelo de globalização, assumido pela União Europeia, que apenas poderá ser posto em prática com a “reafirmação do «modelo social europeu»” (p. 13), ou com a sua modernização, como afirmara o ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade, Eduardo Ferro Rodrigues, para a qual deverá delinear-se uma “estratégia coerente, centrada em torno de diversas prioridades de política de emprego e de política social [estando em primeiro lugar] (…) a educação e a formação ao longo da vida” (Rodrigues, 2000, p. 42).
Conhecimento sobre o que se espera
Escola enquanto organização aprendente
Portanto, fará sentido que o modelo que deverá estar subjacente à edificação de escola eficaz, ou seja, aquilo que irá ditar o que se entende por eficácia, seja o humanista (Lima, 2008), por oposição ao neo-liberal, ou “Tradicional/Tecnicista” (Maestro & Giovedi, n.d.). Na verdade, na pedagogia humanista, “o ser humano é visto como finalidade última da ação educativa. Não é ele quem deve servir ao acúmulo de capital e sim o contrário” (Maestro & Giovedi, n.d.). E os autores clarifica: “caso haja um conflito entre capital e humano, não se pensa duas vezes em colocar o ser humano como valor maior a ser preservado” (Maestro & Giovedi, n.d). Apenas uma escola que tenha como pressuposto esta filosofia poderá contribuir para a construção de um modelo social europeu, que se preocupe, por exemplo, com a exclusão social e com a pobreza (dos outros). Apenas um modelo que invista no todo e não apenas na parte poderá permitir “a realização de uma verdadeira «Europa dos cidadãos»” (Rodrigues, 2000, p. 44).
Só assim caminharemos para a eficácia… social.